ATA DA QUADRAGÉSIMA SESSÃO SOLENE DA QUARTA
SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 22.9.1992.
Aos vinte e dois dias do mês de setembro do ano de mil
novecentos e noventa e dois reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio
Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Quadragésima Sessão Solene da
Quarta Sessão Legislativa Ordinária da Décima Legislatura. Às dezessete horas e
vinte e cinco minutos, constatada a existência de “quorum, o Senhor Presidente
declarou abertos os trabalhos da presente Sessão Solene destinada a conceder o
Título Honorífico de Cidadão Emérito ao Senhor Flávio França, através do
Projeto de Resolução nº 23/92 (Processo nº 1190/92), de autoria do Vereador
Wilton Araújo. A seguir, o Senhor Presidente convidou os Líderes de Bancada a
conduzirem ao Plenário as autoridades e personalidades presentes. Compuseram a
Mesa: Vereador Dilamar Machado, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre;
Jornalista Flávio França, Homenageado; Senhora Laura Nobre Bins, Supervisora de
Esportes e Recreação Pública, representando o Prefeito Municipal; Senhor Jorge
Strassburger, Diretor-Administrativo da Paquetá; Senhor Jair Cunha Filho,
Presidente da Federação Gaúcha de Esportes de Praia; e Vereador Wilton Araújo,
Secretário “ad hoc”. Após, o Senhor Presidente pronunciou-se acerca do evento,
dizendo que esta homenagem representa o reconhecimento deste Legislativo ao
trabalho desempenhado pelo Senhor Flávio França. Em continuidade, o Senhor
Presidente concedeu a palavra ao Vereador Wilton Araújo que falaria em nome da
Casa. O Vereador Wilton Araújo proponente e em nome da Casa, referiu-se acerca
da homenagem prestada ao Jornalista Flávio França, comentando sobre os
trabalhos desenvolvidos pelo Homenageado. Falou, também, sobre os títulos
citadinos concedidos ao Senhor Flávio França por sua participação no esporte
amador. Saudou o Homenageado desejando-lhe sucesso. Após, o Senhor Presidente
convidou os presentes para, de pé, assistirem a entrega do Diploma ao Senhor
Flávio França pelo Vereador Wilton Araújo. A seguir, o Senhor Presidente
concedeu a palavra ao Senhor Flávio França que agradeceu a homenagem prestada
pela Casa. Após, o Senhor Presidente registrou a presença dos Senhores Luís
Carlos Costa e Getúlio Brizola e agradeceu a presença de todos. Às dezessete
horas e quarenta e cinco minutos, nada mais havendo a tratar, o Senhor
Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora
regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Vereador Dilamar Machado e
secretariados pelo Vereador Wilton Araújo, Secretário “ad hoc”. Do que eu,
Wilton Araújo, Secretário “ad hoc”, determinei fosse lavrada a presente Ata
que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelos Senhores
Presidente e 1º Secretário.
O SR. PRESIDENTE: Senhoras e Senhores, tenho a honra de
abrir os trabalhos da presente Sessão Solene, da Câmara Municipal de Vereadores
de Porto Alegre, destinada, a Requerimento do Ver. Wilton Araújo, à entrega do
Título Honorífico de Cidadão Emérito de nossa Capital ao Jornalista Flávio
França.
Como
Presidente da Casa, eu gostaria de deixar, inicialmente, ao Flávio, meu abraço
e solidariedade, por tudo que tem representado, ao longo de sua vida, como
colega e jornalista, por 35 anos de atividade na Imprensa do Rio Grande e, como
desportista amador, pelo excelente trabalho que realizou e irá realizar por
muitos anos, para alegria de todos nós do Rio Grande do Sul, particularmente,
desta Capital em que vivemos. E depositar, no trabalho do Flávio e seus
empreendimentos, configurado, atualmente, pela Copa Paquetá, a esperança de que
você e outros companheiros continuem na luta pela preservação do esporte
amador, mantendo os espaços públicos, congregando as pessoas e preservando uma
das atividades mais benéficas, que é a saúde, a inteligência das nossas
comunidades menos favorecidas.
Deixo,
ao Flávio, o meu abraço pessoal, a minha alegria de presidir este ato. Será
entregue um Diploma, em nome da Casa Legislativa da Cidade que representa o
reconhecimento de Porto Alegre, por seus Vereadores, pelo trabalho individual,
singular do Flávio França, a partir de hoje, Cidadão Emérito desta Cidade.
Para
saudá-lo, eu quero passar a palavra ao Ver. Wilton, mas antes, comunicar aos
Senhores presentes a honra de termos presentes à Mesa, além do nosso
homenageado Flávio França, a representante do Prefeito de Porto Alegre, Laura
Nobre Bins, que também tem responsabilidade no setor, porque ela é Supervisora
da Supervisão do Esporte e Recreação Pública da nossa Administração Municipal;
Diretor-Administrativo da Paquetá, Dr. Jorge Strassburger e o prezado
companheiro e amigo Jair Cunha Filho que, atualmente, é o Presidente da
Federação Gaúcha de Esportes de Praia.
Quero
saudar a presença de todos, particularmente, do Ver. Jaques Machado, do Ver.
Wilton Araújo, do Ver. João Bosco Vaz, que honram esta Casa participando deste
encontro solene juntamente com todos os Senhores e Senhoras convidados.
Com
a palavra, para falar em nome de todas as Bancadas desta Casa, e em nome da
Presidência, companheiro Wilton Araújo.
O SR. WILTON ARAÚJO: Senhor Presidente, Senhor Flávio França,
nosso homenageado, Senhores Vereadores, Senhoras e Senhores:
Estamos
reunidos, nesta tarde, para prestar uma justa homenagem a um homem de ação, um
homem que sempre lutou e continua lutando intensamente pela causa do esporte
gaúcho.
Esta
notável inclinação já se delineava quando, muito moço ainda, com apenas 18
anos, Flávio França iniciava sua carreira de jornalista no “Diário de
Notícias”, como redator especializado em esportes amadores.
Esta,
aliás, será a grande experiência que cristalizou na personalidade de Flávio o
gosto pelo esporte e a incansável capacidade de trabalho, que se mantém ativa
até hoje.
Ingressando
no jornalismo no tempo em que ainda não contávamos com as inovações que a
tecnologia hoje nos proporciona, Flávio França fez à profissão verdadeiro
preito de amor, trabalhando em diversos veículos como o vespertino “A hora”, a
saudosa “Folha da Tarde” e na “Folha Esportiva”, também pertencente a Cia
Jornalística Caldas Júnior.
Todavia,
a par da sua intensa militância jornalística, Flávio França sempre manteve
atividade marcante como desportista, tendo sido um dos fundadores da Federação
Gaúcha de Futebol de Salão, em 1956, nela atuando como Diretor-Técnico até
1959.
A
partir de 1960, até 1987, desenvolveu trabalho como treinador das categorias de
adultos, juvenis e infanto em clubes que marcaram a tradição do esporte gaúcho,
tais como Renner, Wallig, Lindóia, Ipiranga FC, Náutico Gaúcho, São José,
Gondoleiros, Pombal FC, Cauduro, Petrópolis e Grêmio Foot Ball Porto-Alegrense.
Nestas equipes, conquistou diversos títulos Citadinos e Estaduais, nas três
categorias.
Este
relato nos traz a dimensão da capacidade de trabalho e do apego de Flávio
França ao esporte.
Mas
quem imagina que aí se esgotam seus feitos, engana-se, Flávio é um incansável.
A
par das atividades já relatadas, vem exercendo o cargo de Diretor-Técnico da
Federação Gaúcha de Esportes de Praia desde 1967, tendo completado, na
temporada de 1992, seu jubileu de prata de participação ininterrupta nesta
modalidade, a qual foi implantada pela Cia. Jornalística Caldas Jr. em 1959,
cumprindo a memorável marca de 33 edições sucessivas desde então.
Em
relação ao futebol amador, Flávio França foi também dirigente do Pombal Futebol
Clube, que, fundado em 1922, é um dos mais antigos clubes de Porto Alegre.
Nesta agremiação, da qual foi também treinador, conquistou o Título Estadual da
1ª divisão de 1978.
Mas
não foi apenas o futebol que teve o privilégio do trabalho de Flávio França, em
seu favor as Federações de basquete e voleibol tiveram, quando da sua fundação,
respectivamente em 1953 e 1956, o auxílio deste batalhador que não se intimida
com os desafios.
Hoje,
jornalista profissional aposentado, Flávio França inaugura seus 60 anos de vida
como responsável pela “Copa Paquetá de Futebol Amador” a qual, tendo sua
primeira edição em 1989 já se firma como um dos eventos consagrados do esporte
amador gaúcho.
Será
que precisamos dizer mais sobre Flávio França?
Certamente
que não!
O
que agora desejamos trazer, com a pretensão de estarmos aqui traduzindo as
vozes de todos aqueles que se dedicam ao esporte, é um profundo agradecimento,
revelado nesta modesta homenagem, ao homem de ação, dedicado e modesto, este
filho do qual Porto Alegre se orgulha, que fez da sua vida a causa do esporte,
uma causa que irmana e constrói cidadãos. Muito obrigado!
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Tenho a honra de conceder a palavra ao
nosso homenageado, novo Cidadão Emérito da Cidade de Porto Alegre, Jornalista e
Desportista Flávio França.
O SR. FLÁVIO FRANÇA: Sr. Presidente Dilamar Machado, da Câmara
Municipal de Porto Alegre, Srs. Vereadores, Srs. convidados para esta
solenidade. É com imensa satisfação, nesta hora em que culmina uma trajetória
de 40 anos de militância ativa no esporte amador de Porto Alegre, que estou
recebendo o reconhecimento da Casa do Povo da nossa Capital. Desde 1952, quando
ingressei na crônica esportiva do “Diário de Notícias” – na época um dos
jornais mais pujantes da imprensa gaúcha – venho batalhando pela divulgação,
pelo incremento dos esportes amadores. Ainda na década de 50, no vespertino “A
Hora”, que sucedeu a “Última Hora”, tinha uma página de futebol amador por dia,
embora a cobertura de outras atividades.
Posteriormente,
na década de 60, em 1968, transferi-me para a empresa Caldas Júnior, para a
“Folha da Tarde” e “Folha Esportiva”, onde também procurei sempre dar a
cobertura a todas as atividades vinculadas ao esporte amador.
Acredito
que raras modalidades do esporte amador não tiveram a minha modesta
colaboração.
Devo
destacar aqui o desporto classista; a minha pessoa, acredito que fui o único
cronista que deu divulgação às suas atividades, não só na classe bancária, mas
também na comerciária, industriária, e securitária. Muito me orgulho disto e
também da minha militância ativa no esporte amador, não só como dirigente e
treinador de futebol de salão, pelos títulos que consegui conquistar, como também
no futebol amador como dirigente do Pombal Futebol Clube durante 18 anos, e
consegui trazer para Porto Alegre, pela primeira e única vez, o título inédito
de Campeão Estadual da Primeira Categoria de Amadores, em 1978, na Cidade de
Dois Irmãos. No futebol de praia, quando ingressei na Caldas Júnior, passei a
integrar a direção da entidade, que é presidida pelo ilustre jornalista, aqui
presente, Jair Cunha Filho, implantador deste esporte em 1959. Todas as
dificuldades inerentes a este esporte amador, inclusive, após 1984, quando a
Caldas Júnior entrou em crise e os seus jornais Correio do Povo e Folha da
Tarde pararam de circular por dois anos, foi uma modalidade que nunca sofreu
solução de continuidade. E eu durante 25 anos consecutivos, completados neste
ano de 1992, como Diretor-Técnico tive a satisfação de organizar seus
campeonatos, justamente no período de recesso das atividades esportivas,
dezembro, janeiro e fevereiro. O Sr. Jair Cunha Filho foi um grande
incentivador que encontrei na minha trajetória esportiva e como integrante da
Caldas Júnior. Não poderia deixar de fazer esta menção. O futebol amador foi o
primeiro esporte que eu acompanhei em Porto Alegre, desde os primórdios da
década de 50. Naquela época, havia um grande entusiasmo em todos os bairros da
cidade, havia os diretórios zonais, existiam campos em profusão. Nos domingos,
em Porto Alegre, entre jogos oficiais do Departamento Amador da Federação
Gaúcha de Futebol e ligas independentes se realizavam seguramente uns 100 jogos
e envolviam umas duzentas equipes. Eu tive a satisfação de dar cobertura a
esses jogos, não só quando estive militando no “Diário de Notícias”, mas
depois, quando passei a integrar o corpo de redatores da “Folha da Tarde”, que
tinha uma página a minha disposição para divulgar esta modalidade. Eu gostaria,
neste momento, de dizer que o futebol amador é a atividade esportiva amadorista
que tem o maior número de praticantes e, lamentavelmente, é o que tem menos
apoio. Mas encontrei uma guarida na empresa Paquetá, cujos diretores Jorge
Strassburger e Mauro estão aqui presentes e o Sr. Leoveral, que,
lamentavelmente, está viajando e não pôde comparecer. Atualmente, é a única
empresa, no Rio Grande do Sul, talvez, até no Brasil, pois não tenho
conhecimento que exista outra empresa que dê apoio efetivo a essa modalidade,
que é o futebol amador, que é a mais sacrificada, mas que tem o maior número de
praticantes. As 4 edições da Copa Paquetá, que a Paquetá, no caso, patrocinou
em 89, 90, 91 e 92, foram um sucesso. Cada ano, aumentando o número de
participantes, chegando este ano a quase 200 equipes. Isso prova o êxito dessa
promoção e o valor que as equipes do futebol amador, tão sacrificado futebol
amador, dão a essa competição que envolve clubes de Porto Alegre e da região metropolitana.
Então, eu queria, neste momento, agradecer essa honraria que a Câmara Municipal
de Porto Alegre presta-me nesta data, casualmente uma semana após de eu ter
completado 60 anos, foi no dia 16 próximo passado. Recebo essa homenagem
reconfortante e gratificante pelo esforço que nesses 40 anos eu venho
empreendendo. Agradeço a presença dos meus amigos e convidados, não só do
futebol amador como também de outras modalidades esportivas, que me conhecem
muito há muitos anos. Agradeço, também, através do Ver. Dilamar Machado,
Presidente, e do Ver. Wilton Araújo, o apoio unânime que recebi desta Casa, na
aprovação desta proposição. Sinto-me, realmente, depois de 40 anos de lutas,
com toda a minha modéstia e humildade, que fui reconhecido espontaneamente, pela
Casa do Povo de Porto Alegre. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Antes de encerrar os trabalhos, quero
comunicar e agradecer a presença entre nós do Ver. Luís Carlos de Vargas
Marques, do PDT do município de Canoas e do Delegado da Federação de Futebol
Amador de Canoas, Sr. Carlos Cosata. Agradeço, imensamente, a presença do Dr.
Jair Cunha Filho, Flávio França, Dra. Laura Bins, Dr. Jorge Strassburger. Quero
dizer ao nosso Cidadão Emérito, a partir de hoje, enriquecendo a vida desta
cidade, Flávio França, que este Legislativo por meu intermédio, do Ver. Wilton
Araújo, do Ver. João Bosco e do Ver. Getúlio Brizola, que já honrou esta Casa
com o seu talento e o seu trabalho e todos nós que aqui estamos, aqueles que
irão compor, talvez conosco, talvez com outros Vereadores da nova Legislatura,
esta Casa continuará envidando esforços para recuperar os espaços perdidos, não
só para o futebol como para o esporte amador, de um modo geral. Especialmente,
com todo o carinho e delicadeza que a situação exige, dizer à Dra. Laura, que é
Supervisora de Esportes e Recreação Pública da Prefeitura, que o Executivo e a
Câmara precisam se unir, se juntar e, em parceria, examinar a reabertura de
espaços para o futebol de várzea, para a recuperação de espaços perdidos ao
longo desta Cidade, que não é culpa da atual Administração, nem da anterior,
nem da outra. É um processo lento e inexorável que, talvez há 30, 40 anos, vem
destruindo as áreas de recreação popular em Porto Alegre. Aqueles chamados campos
de várzea que muitas vezes foge, essa destruição, ao controle do próprio
Executivo ou da Câmara e fica por conta do progresso, entre aspas, ou da
especulação imobiliária. É nossa esperança de continuarmos lutando juntos até
para dignificar o trabalho do nosso Cidadão Emérito e de todos aqueles que o
acompanham. Em nome do Ver. Wilton Araújo, mais uma vez a nossa homenagem ao
Flávio.
(Levanta-se
a Sessão às 17h45min.)
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